A agricultura regenerativa é fundamental para garantir segurança alimentar e estabilidade global. Trata-se de um sistema de produção agrícola que busca restaurar e melhorar a saúde do solo e dos ecossistemas, em vez de apenas preservá-los. Em tempos de mudanças climáticas e degradação do solo, a agricultura regenerativa surge como uma alternativa viável e benéfica para produtores rurais que buscam melhorar suas produções de maneira sustentável e eficiente.
Para ampliar o incentivo para esse tipo de prática no campo, o senador Jader Barbalho MDB-PA apresentou um projeto de lei que prevê crédito rural e incentivos para práticas agrícolas sustentáveis que restauram o solo e ajudam a capturar carbono
“A agricultura regenerativa representa o futuro da produção de alimentos no Brasil. Ela permite que o produtor aumente sua produtividade e renda, ao mesmo tempo em que recupera o solo e contribui para o equilíbrio climático”, afirmou.
Conhecida como um sistema de cultivo que prioriza a recuperação e o fortalecimento dos ecossistemas agrícolas, a agricultura regenerativa – diferente da agricultura convencional – tem o objetivo de aumentar a vitalidade ao solo, a biodiversidade e criar ambientes mais resilientes.
“É uma prática que vai além da sustentabilidade convencional ao focar em um ciclo positivo que revitaliza a terra, aumenta a biodiversidade, melhora a qualidade da água e cria solos mais resilientes e produtivos a longo prazo”, avalia o autor do projeto de lei.
Jader Barbalho ressalta que essa transformação do atual modelo para um sistema regenerativo pode transformar o futuro da agricultura nacional. “Modelos tradicionais, embora eficientes em escala, mostram sinais de esgotamento, com impactos negativos na saúde do solo, na biodiversidade e na resiliência das lavouras”, destaca lembrando que sua ampla implementação reforça o compromisso do Brasil com o clima.
O modelo produtivo alia eficiência econômica à restauração dos ecossistemas e à saúde do solo. “A agricultura regenerativa emerge como uma alternativa promissora, um caminho para transformar a produção rural em um sistema mais sustentável, produtivo e benéfico para o meio ambiente” explica o parlamentar na justificativa da proposta apresentada na última semana, no Senado.
O projeto de lei apresentado pelo senador Jader Barbalho propõe alteração na Lei nº 11.326, de 24 de julho de 2006, para incentivar práticas sustentáveis de produção agrícola. O texto acrescenta ao artigo 2º da legislação vigente, a adoção de práticas sustentáveis de produção agrícola.
“As iniciativas relacionadas no inciso XV do caput deste artigo podem envolver a doação financeira ou a criação de linhas de crédito rural para a agricultura regenerativa, com parcelamentos mais longos, facultada a equalização de taxas de juros, conforme a Lei nº 8.427, de 27 de maio de 1992”, destaca a alteração proposta pelo senador.
MAS O QUE É ESSE MODELO REGENERATIVO NA PRÁTICA?
Imagine que o solo é como uma esponja viva e cheia de microorganismos. A agricultura regenerativa usa práticas que mantêm essa “esponja” saudável e funcional, tais como o plantio direto, no qual, ao invés de arar e revolver a terra (o que a expõe ao sol e à erosão), as sementes são plantadas diretamente no solo com a cobertura vegetal anterior. Isso protege a superfície, mantém a umidade e a estrutura do solo.
Nesse sistema, manter o solo sempre coberto por plantas vivas ou restos de culturas (palha) é fundamental. Isso protege contra a erosão, modera a temperatura e fornece alimento contínuo para a vida no solo.
A diversidade de culturas é outro passo fundamental para o novo processo, ou seja, plantar diferentes tipos de plantas na mesma área ou em rotação a cada safra ajuda a quebrar ciclos de pragas e doenças, além de enriquecer o solo com nutrientes variados (como a fixação de nitrogênio por leguminosas).
A agricultura regenerativa contribui para a redução de uso de produtos químicos ao diminuir progressivamente o uso de fertilizantes químicos e pesticidas sintéticos, substituindo-os por soluções biológicas (como o uso de fungos e bactérias benéficos) e adubos orgânicos.
Outro ponto de destaque é a integração com animais, promovendo uma pecuária regenerativa, por exemplo, no sistema de pastoreio planejado, que ajuda a simular processos naturais, melhorando a fertilidade do solo através da distribuição natural da matéria orgânica desses animais.
Diferente da agricultura convencional, que busca apenas reduzir impactos ambientais, a agricultura regenerativa propõe restaurar a vitalidade do solo, aumentar a biodiversidade e fortalecer a resiliência dos ecossistemas agrícolas.
Segundo a FAO Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação, o mundo precisará aumentar a produção agrícola em 60% até 2050 para alimentar cerca de 10 bilhões de pessoas. “Esse crescimento só será possível se mudarmos a forma de produzir. Precisamos de um modelo que devolva vida à terra, e não que a esgote”, destaca Jader Barbalho.
PARÁ E AMAZÔNIA NO CENTRO DO DEBATE
A iniciativa ganha relevância especial por vir de um parlamentar do Pará, estado que abriga vastas áreas de produção e floresta e que tem papel estratégico nas discussões sobre preservação da Amazônia e transição ecológica.
“O Pará tem potencial para ser vitrine mundial da agricultura sustentável. Ao incentivar práticas regenerativas, ajudamos o produtor rural, protegemos nossos recursos naturais e colocamos o Brasil na liderança das ações contra as mudanças climáticas”, afirmou o senador. . “Estamos propondo uma política que olha para frente, mas com os pés fincados no solo fértil que sempre sustentou o Brasil”, concluiu Jader Barbalho.




