Jader Barbalho - Jornal Popular e Democrático.

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Houve um tempo em que a grande notícia do dia, o furo, a “bomba” da hora, provocava uma das frases mais temidas nas redações da época: “parem as rotativas”. Nada era mais complicado para a redação de um jornal diário, que rodava nas velhas e pesadas rotativas, do que já estar com a edição do dia fechada, ou praticamente fechada, e ser informada de que algo extraordinário, muito importante e imprevisível acabara de ocorrer. Parávamos tudo, refazíamos a manchete e alguma página interna. Tudo voltava para o velho linotipo, era repaginado, precisava ser requeimado, e assim prosseguia.

Era uma forma de levar informação, que poucos jovens atualmente conhecem. Hoje a vez é da informação imediata, do jornalismo on-line, das redes sociais, dos podcasts, sites, blogs, mídias digitais e tantas outras formas de se comunicar com a sociedade.

Mas há 37 anos, quando nascia o DIÁRIO DO PARÁ, não era tão simples assim. A chamada mídia impressa comandava a comunicação. Era uma época na qual não havia liberdade de expressão. A maior parte dos veículos de imprensa ainda sofria forte influência do governo militar. No Pará não era diferente.

Foi neste ano que ocorreram as primeiras eleições diretas no Brasil após o golpe militar de 1964. Em 15 de novembro de 1982, foi realizada a primeira eleição direta para governador de Estado após a instauração do regime militar. Seriam também eleitos senadores, deputados federais e estaduais, prefeitos (menos os das capitais) e vereadores.

Naquele ano eu me lançava candidato ao Governo do Estado do Pará em oposição àqueles que estavam atrelados ao governo militar. Difícil era conseguir levar minha mensagem a todas as regiões do nosso imenso Pará, uma vez que os jornais e veículos de imprensa da época serviam aos candidatos da situação.

Em conversa com meu querido e saudoso Pai brinquei: “Pai, da forma que vamos seguindo, sem espaço na imprensa, difícil será até mesmo comunicar meu aviso fúnebre, caso ocorra”. O velho Laércio, um visionário decidiu então enfrentar um novo desafio. Foi assim que, em 22 de agosto de 1982, fundamos o DIÁRIO DO PARÁ, um jornal de oposição que viria fazer frente aos veículos da situação, umbilicalmente ligados ao governo militar.

Havia nessa época a necessidade de termos um instrumento para divulgar uma posição que não fosse a oficial. Entusiasmado, o “seu Laércio” logo organizou um grupo de jovens que abraçaram a proposta libertária e deram vigor ao jornal que nascia em terras paraenses.

No início, ainda em período de campanha, a ideia era que o DIÁRIO cumprisse apenas o papel de um veículo alternativo de oposição aos veículos oficiais. Porém, logo após os resultados nas urnas, com minha vitória para o Governo do Pará, o que era apenas uma alternativa foi crescendo na mesma proporção em que crescia o entusiasmo de meu querido Pai.

O DIÁRIO se transformava rapidamente em um grande veículo de comunicação. Começamos pequeninhos, com pouco mais de dois mil exemplares, enquanto o principal concorrente divulgava que contava com 98% dos leitores de jornais no Estado.

Mas o entusiasmo com que era feito, a vibração do velho Laércio e sua forma empolgante de comandar a jovem equipe fazia com que, a cada dia, nosso jornal diário fosse crescendo no gosto popular.

Veio então a era da modernização, sob o comando do Jader Filho, que era um dos jovens vibrantes que atuavam na redação do DIÁRIO junto com o avô, desde muito novo. Foi graças ao Jader que foram incorporados novos veículos como a TV RBA, as rádios e finalmente o DOL, que é hoje um dos grandes sucessos do Grupo.

Hoje sou eu o grande entusiasta deste importante legado construído por meu querido Pai, o “seu Laércio” e modernizado por meu filho, Jader. Nosso jornal impresso sobrevive atual, isento, bem ilustrado com artes brilhantes e fotos de impacto, edição atraente, diagramação agradável.

Diferentemente do que acontece em outros estados brasileiros, aqui no Pará podemos afirmar, com toda segurança, que o jornalismo impresso sobrevive muito bem, obrigada. O paraense cultua hábitos históricos, entre eles o de folhear o jornal, abrir a página com sua matéria favorita, ler a melhor coluna opinativa, dar uma conferida na programação cultural. Tudo em um mesmo espaço.

Assim é o DIÁRIO DO PARÁ. Com uma linguagem moderna, é um jornal que informa sobre o Pará, sobre o que está acontece no nosso Estado, na nossa cidade. E cumpre esse papel de forma competente. É um jornal popular. Trás notícias sobre o Pará e ao mesmo tempo trás os melhores colunistas dos melhores jornais nacionais. Une tudo em um mesmo espaço.

Conseguimos, ao longo de todos esses anos, conquistar nosso espaço junto à sociedade paraense, junto à população de Belém com respeito à informação e compromisso com a verdade.

Conseguimos, ao longo desta jornada, concretizar aquilo que meu querido Pai, o “seu” Laércio pretendia ao criar o DIÁRIO: promover a informação de forma democrática para toda sociedade. E essa conquista só foi possível graças ao pessoal da redação, aos técnicos, área administrativa, a todos os colaboradores que, sob a batuta do Jader Filho, do Camilo Centeno e do Chico Melo fazem o dia a dia do nosso DIÁRIO DO PARÁ.

Parabéns a todos.