O Brasil colocou o combate às desigualdades no centro de debate internacional entre os países que integram o G20, organização que reúne líderes de 19 países e da União Europeia para discutir desafios econômicos, políticos e de saúde. Na semana passada, centenas de organizações da sociedade civil brasileira mobilizaram-se em torno de uma causa coletiva: o combate às desigualdades em suas múltiplas abrangências e impactos. Oitava economia do planeta, o Brasil está entre os mais desiguais do mundo, ficando atrás apenas de nações africanas.
O senador Jader Barbalho (MDB) defende que o país abrace a luta pela igualdade que, segundo ele, deveria ser uma prioridade nacional. “Mesmo que o governo federal esteja empenhado em melhorar os indicadores sociais, é preciso enfrentar as disparidades econômicas, caso contrário, as desigualdades continuarão acentuadas. É uma causa que todos nós devemos abraçar. Não há nação soberana quando há um cenário tão desigual”, defende.
Jader Barbalho lembra que o Brasil criou, no dia 30 de agosto do ano passado, o Pacto Nacional pelo Combate às Desigualdades, iniciativa que reúne organizações sociais, associações de municípios, centrais sindicais e entidades de classe com o objetivo de transformar o combate às múltiplas formas de desigualdade como prioridade.
REFLEXÃO
Para marcar a data e contribuir pelo avanço da conscientização de que cada cidadão e cada cidadã devem fazer seu papel, Jader Barbalho sugeriu que a data seja instituída como o Dia Nacional de Luta Contra as Desigualdades, a ser celebrado, anualmente, no dia 30 de agosto, a ser lembrado com uma intensa agenda de articulações com os poderes Executivo, Legislativo, Judiciário e sociedade civil organizada.
“É uma data para reflexão e reforço para o combate às desigualdades em um país que é o quarto maior produtor de alimentos do mundo, mas onde a fome ainda persegue cerca de 33 milhões de brasileiros”, destaca Jader.
Ele lembra que a divulgação do relatório do Observatório Brasileiro das Desigualdades, que foi elaborado por um grupo de trabalho formado por diversas organizações que compõem o Pacto Nacional pelo Combate às Desigualdades, mostram dados preocupantes que podem sinalizar para um ponto de difícil retorno no que diz respeito às disparidades de renda e classe no país.
O relatório é composto por um conjunto de indicadores que tem o objetivo de construir uma linha de base que permita o acompanhamento contínuo e a comunicação transparente entre sociedade e governos sobre avanços e retrocessos em nosso quadro de desigualdades. O documento tem como escopo uma seleção de 42 indicadores, organizados em oito temas e compilados a partir de fontes de dados públicas e reconhecidas.
“Nosso país apontou melhoras em 44% desses indicadores, como a redução significativa da extrema pobreza entre nossa população. No entanto, a concentração de renda permanece em patamares elevados, mantendo 1% da população mais rica com rendimento médio mensal per capita 31,2 vezes maior do que os 50% mais pobres. As desigualdades de gênero e raciais são persistentes e alertam, também, para a necessidade de investimentos extras, que rompam um ciclo constante de exclusão”, destaca o senador.
“Infelizmente, mulheres e negros, que correspondem a maior parcela da população brasileira, são também os mais vulneráveis e os menos representados”, lembra o senador. “É possível superar as desigualdades por meio de ações articuladas e solidárias de toda a sociedade, aliada a políticas públicas eficazes e sustentáveis. Só assim será possível criar uma sociedade mais justa e harmoniosa. Essas ações devem fazer parte do nosso dia-a-dia, tendo, no dia 30 de agosto, o marco para medirmos o avanço e apontarmos as áreas mais vulneráveis”, conclui Jader Barbalho ao defender a proposta de criação do Dia Nacional de Luta Contra as Desigualdades.