Convidado a explicar no Plenário do Senado as ações do governo federal no combate à pandemia de covid-19, o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, foi indagado pelo senador paraense, Jader Barbalho (MDB) sobre os critérios para a distribuição de vacinas entre os estados e o Distrito Federal, uma vez que o Pará é o que menos recebeu doses da vacina contra o coronavírus até o momento. O Estado tem cadastrados 2.384.544 milhões de pessoas que fazem parte de todos os grupos prioritários.
Para a vacinação da primeira etapa, que inclui trabalhadores da saúde, indígenas e idosos com mais de 90 anos, foram entregues até o momento 315.840 doses da vacina, suficientes para vacinação de 173.734 pessoas ou cerca de 80% da população total dos grupos prioritários.
O Pará já apresenta 346.146 casos confirmados e um total de 7.924 óbitos, sendo que já foram confirmados 11 casos da nova cepa do vírus. O próprio ministro alertou para a disseminação da nova versão do coronavírus identificada na região Norte. Segundo ele, essa mutação do coronavírus já está nos estados do Amapá e do Pará, e a cidade de Belém segue “o caminho do ano passado”, alertou.
Assim como fez com respostas aos demais senadores que participaram da sessão ontem, 11, no Senado Federal, o ministro Eduardo Pazuello não explicou as razões por que o Pará ficou de fora da distribuição do último lote de vacinas.
Insatisfeito, o senador Jader usou de uma questão de ordem (instrumento utilizado pelo congressista para suscitar dúvidas em qualquer fase da sessão) para questionar o ministro, desta vez de forma mais dura. Segundo Pazuello, o critério básico considerado pelo Ministério da Saúde para distribuir os novos lotes de vacinas não leva em conta o número de habitantes de cada unidade federativa, mas a quantidade de integrantes de cada grupo prioritário considerado individualmente.
Jader Barbalho reforçou o questionamento, lembrando que não se referiu à proporcionalidade da distribuição das vacinas em relação aos 8 milhões de habitantes, mas apenas aos grupos passíveis de receber a vacinação neste primeiro momento, que somam mais de 2,4 milhões de paraenses O Pará é o último do Brasil, tendo recebido apenas 2,1% dos imunizantes distribuídos, tendo sido vacinados pouco mais de 182 mil pessoas”, contrapôs o parlamentar paraense.
“Não posso responder ao senhor agora informando número por número, senador. Mas vou solicitar à equipe técnica do Ministério para que encaminhe esse levantamento e entrego ao senhor ao final da audiência” disse o ministro da Saúde. Cerca de meia hora após a indagação de Jader Barbalho, Pazuello, informou sobre o recebimento das justificativas, documento este que repassou para o senador ao final da sessão.
A nota do Ministério da Saúde encaminhada para o senador Jader Barbalho, à qual o DIÁRIO teve acesso diz que “a distribuição das doses adquiridas seguem critérios técnicos previamente estabelecidos no Plano Nacional para Operacionalização da vacinação contra a COVID-19 (PNO): riscos de agravamento e óbito pela covid-19, visando promover a redução da morbimortalidade causada pelo novo coronavírus, bem como a manutenção do funcionamento da força de trabalho dos serviços de saúde e a manutenção do funcionamento dos serviços essenciais”.
Mais cedo, Pazuello havia afirmado que “a distribuição tem dado prevalência ao número de indígenas, de idosos e de profissionais de saúde, três segmentos considerados prioritários fundamentais que precisam ser imunizados nesta primeira etapa de vacinação”.
Pazuello disse que, até o momento, já foram distribuídas 11 milhões de doses de vacinas, sendo que cinco milhões já foram aplicadas na população. Ele reconheceu que as doses de que o Brasil dispõe são insuficientes, mas garantiu que o governo vai adquirir todos os tipos de vacinas contra a doença para promover a imunização. Ele também reconheceu ser preciso produzir vacinas em território nacional, a fim de reduzir custos e evitar que o Brasil fique na dependência de outros países.
O ministro também comentou a adesão do Brasil ao consórcio Covax Facility, que reúne 150 países na produção de uma vacina contra a covid-19. “O Brasil é sócio desse consórcio e já tem 42 milhões de doses garantidas, equivalente a dez por cento da população. Dentre as 42 milhões, disponibilizaremos só 14 milhões, a partir de fevereiro”, informou.
Ele foi pressionado a dar respostas sobre as ações do governo federal para enfrentamento da epidemia no país durante audiência no Senado ontem, 11, que durou mais de 5 horas. O ministro rebateu críticas e afirmou que toda a população brasileira será imunizada ainda neste ano contra o covid 19. No Plano Nacional de Imunização essa previsão é de 12 meses após o fim da vacinação dos grupos prioritários, o que ainda está longe de ser atingido.
“Vamos vacinar o País em 2021. 50% até junho, 50% até dezembro da população ‘vacinável’ (menores de 18 anos, por exemplo, não estão sendo vacinados). Esse é nosso desafio. É o que estamos buscando, vamos fazer”, disse Pazuello. Segundo o ministro da Saúde, o Brasil trabalha para ter “reservas” de vacinas e até mesmo exportar para outros países da América Latina.
A versão mais recente do plano nacional de imunização, de 29 de janeiro, não aponta um prazo para a vacinação da população. A primeira edição, lançada em 16 de dezembro, afirmava que grupos prioritários seriam imunizados até metade do ano. O resto da população seria vacinada nos 12 meses seguintes, ou seja, até o meio de 2022.