O Brasil deve registrar cerca de 704 mil novos casos de câncer por ano entre 2023 e 2025, segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA). Os tumores de mama e próstata lideram, seguidos por cólon e reto, pulmão, estômago e colo do útero — este último ainda bastante incidente nas regiões Norte e Nordeste.
No Pará, a realidade é ainda mais preocupante: enquanto o câncer de mama e de próstata se mantêm no topo das estatísticas, o de colo do útero aparece com taxas superiores à média nacional. Estima-se que o Estado registre cerca de 800 novos casos anuais desse tipo de tumor. Esse cenário pressiona o Sistema Único de Saúde (SUS) e expõe a urgência de políticas públicas eficazes de prevenção, diagnóstico precoce e acesso ao tratamento.
É nesse contexto que atua a Soahamor, com a missão de mobilizar forças locais e nacionais para a implantação de uma unidade do Hospital de Amor no município. Criada em 2025, a associação trabalha para transformar Santarém em polo de prevenção e diagnóstico oncológico na região oeste do Pará.
“Pessoas em tratamento de neoplasias malignas enfrentam enormes desafios desde a descoberta da doença até a possibilidade de conseguirem um tratamento adequado. A dignidade no atendimento e no tratamento é o mínimo que se pode oferecer para pessoas nessa situação” , ressalta o senador Jader Barbalho (MDB-PA), que recebeu, na semana passada, representantes da Sociedade dos Amigos do Hospital de Amor de Santarém (Soahamor).
Seu papel é articulação, mobilização de parcerias, captação de recursos, conscientização pública e interlocução institucional, com vistas à construção de uma estrutura médica especializada local que alivie a necessidade de deslocamento dos pacientes para regiões distantes
O projeto prevê a instalação de uma Unidade de Prevenção do Hospital do Amor, com capacidade para realizar exames, triagens e consultas especializadas, reduzindo a necessidade de deslocamento de pacientes para outras capitais.
BARRETOS
O primeiro Hospital do Amor criado no país surgiu em 24 de março de 1962, em Barretos, no interior de São Paulo e era conhecido como Hospital do Câncer de Barretos, que mudou de nome em 2017 para retirar o peso da palavra “câncer”, destacar o amor e o acolhimento da instituição, e ter uma marca mais positiva e unificada, especialmente com a expansão para outras unidades.
Para viabilizar a obra, a associação tem buscado apoio em Brasília. Em reuniões recentes, representantes da Soahamor visitaram parlamentares da bancada paraense para sensibilizá-los sobre a gravidade da situação e solicitar recursos via emendas individuais e de bancada.
“Tenho acompanhado a agonia de pacientes com neoplasia e de seus familiares, que dividem a aflição pela demora para o início do tratamento”, lembrou o senador que se comprometeu em indicar recursos de emenda parlamentar para a iniciativa. Jader Barbalho encaminhou recentemente um ofício ao Ministério da Saúde, cobrando medidas urgentes para reduzir as filas de espera no tratamento do câncer no SUS.
O senador também é autor do projeto de lei nº 1.067/2022, que propõe alterar o Estatuto da Pessoa Idosa para garantir prioridade no atendimento hospitalar para idosos com diagnóstico de câncer, incluindo diagnósticos, quimioterapia, radioterapia, entre outros.
A implantação da unidade exige etapas fundamentais: terreno, projetos de engenharia, licenciamento, equipamentos e custeio. Além de recursos parlamentares, será necessária integração ao SUS e articulação com governos estadual e federal para garantir a sustentabilidade.
Para a população, no entanto, o recado é claro: em uma região onde o câncer de colo do útero segue sendo um dos principais vilões, cada avanço na construção do hospital representa esperança de acesso digno e próximo ao tratamento.
Estiveram presentes ao encontro com o senador o deputado federal Henderson Pinto (MDB); o presidente do Sindicato Rural de Santarém, Edson Cortesia; o vereador Alexandre Maduro; além de representantes da Sociedade dos Amigos do Hospital de Amor de Santarém e da Associação Comercial de Santarém.