As usinas solares flutuantes são a nova tendência mundial para a geração de energia. E elas estão se tornando cada vez mais populares em países como China, Japão, França, e Coreia do Sul. No Brasil, já existem duas usinas instaladas e em funcionamento. A primeira delas está na usina hidrelétrica de Balbina, em Presidente Figueiredo, no Amazonas, e contribui com a geração de 5 megawatts (MW) para o sistema local, o suficiente para atender a nove mil famílias. A segunda está no reservatório da Usina Hidrelétrica de Sobradinho, no rio São Francisco, na Bahia.
Essas duas usinas fazem parte de um projeto piloto, iniciado em 2015 pelas empresas do sistema Eletrobrás: Centrais Elétricas do Norte do Brasil (Eletronorte) em Balbina e Companhia Hidrelétrica do São Francisco (Chesf), em Sobradinho. Na época, o senador Jader Barbalho (MDB-PA) sugeriu a ampliação do projeto para outros lagos de hidrelétricas, entre eles, o de Tucuruí, um dos mais extensos reservatórios do país.
A energia solar é limpa e renovável, não emite gases poluentes ou outros tipos de resíduos. Em março de 2016 o Brasil foi pioneiro no lançamento desse tipo de energia ao criar usinas em flutuadores na hidrelétrica de Balbina.
“Temos agora o momento ideal para avançar com propostas alternativas e sustentáveis e não tenho nenhuma dúvida de que as usinas solares flutuantes são o futuro da geração de energia no Brasil”, destacou Jader Barbalho ao apresentar um projeto de lei que cria o Programa de Aproveitamento dos Reservatórios das Usinas Hidrelétricas (Paruh) para a geração de energia elétrica a partir de painéis solares fotovoltaicos.
A usina solar flutuante é um complexo gerador de energia solar montado sobre a superfície da água em lagos, lagoas e em reservatórios de hidrelétricas. A ideia do senador é expandir o potencial de geração de energia elétrica no Brasil.
O senador lembra que, nos períodos de seca, o potencial de geração de eletricidade das usinas é reduzido devido à diminuição da quantidade de água. “Quando uma crise hídrica atinge o país, com altos níveis de estiagem, o preço da energia elétrica também é impactado”, ressalta.
O programa nacional de aproveitamento dos reservatórios proposto por Jader Barbalho prevê a instalação dessas usinas nos lagos de armazenamento de água das usinas hidrelétricas já construídas e em funcionamento no país, como em Belo Monte e Tucuruí, no Pará.
Segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), o país tem 219 usinas hidrelétricas de grande porte em operação. Das dez maiores hidrelétricas do planeta, três são brasileiras: Itaipu Binacional, Belo Monte e Tucuruí. A geração hidrelétrica é a principal fonte de energia do Brasil.
A proposta do senador prevê a instalação de painéis solares fotovoltaicos em plataformas flutuantes para a geração de, no mínimo, 2,5 megawatts (MWp) de energia elétrica que será usado complementarmente ao Sistema Interligado Nacional (SIN).
“É uma maneira inteligente de aproveitar a água das represas e o sol presente em nosso país em pelo menos 8 meses do ano em algumas regiões, como o Nordeste. E ainda poder distribuir a energia gerada pelo sistema interligado já instalado na hidrelétrica, ou seja, sem a necessidade de mais custos na transmissão”, destaca o senador Jader Barbalho.
O Banco Mundial fez uma estimativa sobre a capacidade produtiva das usinas solares flutuantes espalhadas pelo mundo para um futuro próximo que pode subir para algo em torno de 400 a 1.000 gigawatts. Para se ter uma ideia desse volume, o Brasil produz hoje cerca de 170 gigawatts de energia com todas as suas fontes, ou seja, cerca de 17% do potencial que as usinas solares flutuantes podem produzir, isso sem considerar outros tipos de usinas solares.
Os painéis solares flutuantes são capazes de garantir até 15% a mais de eficiência em comparação com fazendas solares em solo. Isso ocorre em razão do resfriamento dos painéis pela água. Além disso, as usinas solares flutuantes podem inibir em até 70% a evaporação dos espelhos d’água. A redução da evaporação do lago está ligada a redução de radiação solar e ventos na lâmina d’água do reservatório da hidrelétrica.
A instalação desses painéis nos lagos das usinas brasileiras vai permitir que os dois sistemas trabalhem em conjunto, o que pode aumentar a capacidade de geração de energia das hidrelétricas em mais de 17,3%.
Com foco na questão ambiental e na produção de energia verde, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou, na quinta, 30, a inclusão do segmento de painéis fotovoltaicos no Programa de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico da Indústria de Semicondutores (PADIS), o que zera a cobrança dos tributos federais IPI e PIS/Cofins até dezembro de 2026, e vai resultar na diminuição dos custos de produção e no preço dos produtos finais.