O ministro das Comunicações, Fábio Faria, afirmou ontem, 23, que a implantação das redes de telefonia móvel 5G deve conectar 85% das escolas brasileiras até 2028. Ele participou de audiência pública na Comissão de Serviços de Infraestrutura do Senado Federal para debater sobre a implementação das redes móveis de quinta geração no país. Faria disse também que todos os municípios brasileiros terão o sistema de telefonia de 5ª geração até o ano 2028. Os senadores querem esclarecimentos sobre os próximos passos a serem tomados pelo governo para aumentar a conectividade no país.

O senador Jader Barbalho (MDB-PA) já havia externado sua preocupação com a entrada no Brasil da 5ª geração. Além de alertar a Agência Nacional de Telecomunicações sobre o risco de que cerca de 908 municípios ficassem fora desse sistema, entre eles 40 cidades no Pará, o parlamentar havia solicitado prioridade para uso na rede pública de educação.

A preocupação do parlamentar paraense é de que ocorra atraso na chegada da internet de qualidade para as escolas de educação básica do país. No leilão para venda das faixas do sistema, 15% delas não foram arrematadas no leilão, exatamente o lote que se refere à frequência de 26GHz, voltada para a banda larga fixa, sistema habilitado para atender a rede escolar. Fábio Faria espera que um novo certame para a negociação dessa faixa seja feito em até um ano e que as empresas que arrematarem assumam o compromisso de levar internet para as escolas.

Antes da realização do leilão, Jader havia encaminhado ao ministro das Comunicações, um ofício sugerindo a criação de uma rede educacional fechada para o Brasil. “Vejo na implementação da faixa de radiofrequência 5G a oportunidade de o governo federal também criar uma rede educacional abrangente”, ressaltou o parlamentar.

Segundo ele, o ideal seria a criação de uma rede dedicada exclusivamente para fluxo de conteúdo educacional. “Ou seja, um serviço especial de dados, sem tarifação, tanto para as escolas públicas ou privadas, que transmitem o conteúdo para os usuários que a utilizam”, sugeriu.

Ontem na audiência no Senado, Fábio Faria informou que, dos R$ 47,2 bilhões que devem ser investidos pelas empresas privadas na implementação do sistema 5G, R$ 3,1 bilhões — o equivalente a 6,5% — vão para a área de educação. Segundo o ministro, os recursos vão permitir maior conectividade das escolas por meio do 5G standalone, uma tecnologia mais rápida por não depender das atuais redes 4G.

“Teremos 5G funcionando em 85% das escolas. Das 85 mil escolas urbanas, 72 mil receberão 5G standalone. As outras 13 mil terão 5G sem ser standalone ou 4G. Todas as escolas devem melhorar muito sua conexão. Hoje, 7 mil escolas urbanas e em torno de 40 mil rurais não têm internet. Entre as urbanas, a internet é de péssima qualidade. Além de levar para todas as escolas, vamos melhorar muito a conectividade” disse o ministro.

O senador lembrou que o Brasil é um dos países que mais apresenta contrastes sociais e econômicos do planeta, visíveis em todos os setores e camadas da sociedade. “Se levarmos em conta o quesito educacional, as diferenças abrangem todas as etapas da vida e da aprendizagem”, acentuou.

Jader cita como exemplo a dificuldade que alunos enfrentam para estudar durante a pandemia do novo coronavírus, quando as escolas suspenderam as aulas presenciais e passaram a buscar formas alternativas de manter o processo de ensino-aprendizagem durante a quarentena.

“As estratégias que foram adotadas, como a utilização de plataformas on-line expuseram ainda mais a desigualdade e as dificuldades enfrentadas pelos estudantes e professores de colégios públicos, principalmente pelo acesso limitado à internet e, sobretudo em municípios do Norte e Nordeste do Brasil, que dispõem de conexões de baixa qualidade”, justificou no documento encaminhado ao ministro das Comunicações.

“É importante lembrar que todo esse investimento gerado pelo leilão do sistema de 5a geração terá reflexos rápidos no futuro. A popularização dessa tecnologia permitirá o acesso ao ensino a muito mais pessoas, facilitando a aprendizagem e ampliando recursos”, lembrou, concluindo que a chegada da nova tecnologia vai permitir a formação de futuros profissionais mais capacitados para atuar em diversas frentes. “Isso pode significar o aumento de novos negócios, o surgimento de novas profissões e a otimização de tarefas e recursos”, concluiu o senador Jader Barbalho.