Um dos mais importantes símbolos da época da colonização do Norte do Brasil, o Palacete Augusto Corrêa, construído pelos portugueses, a partir de 1893, como uma cópia do Palácio de Bragança em Portugal, e que já funcionou como sede da Prefeitura Municipal, está finalmente sendo recuperado. O governo federal liberou recurso de emendas parlamentares individuais indicadas pelo senador Jader Barbalho (MDB-PA) em 2017 para dar início às obras de reconstrução, depois de anos de abandono por parte das autoridades paraenses.

Em maio de 2018, já com a emenda aprovada, o edifício histórico construído em Bragança, localizado no Nordeste do Pará, não resistiu aos anos de descaso e desabou. Foi como a crônica de uma morte anunciada.

O Palacete, um dos mais belos e importantes patrimônios arquitetônicos do Pará, cuja arquitetura coincide com o final do século XIX e início do século XX, vinha definhando a olhos vistos enquanto aguardava a burocracia dos serviços públicos para que fosse decretado seu tombamento.

O prédio, inaugurado no início dos anos 1900, só foi inscrito para fins de proteção, conservação e preservação, em 2016 mas o tombamento somente ocorreu após o desabamento. Foi também após a inscrição na Superintendência do Pará do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), que foi possível dar início à elaboração do projeto de recuperação do Palacete.

RECONSTRUÇÃO

Na semana passada, o senador Jader Barbalho recebeu a notícia de que foi autorizado o pagamento total de R$ 740 mil referentes à sua emenda parlamentar de R$ 1 milhão, indicada ainda em 2017. “Agora é o momento de comemorarmos essa importante conquista que, infelizmente ocorreu após o desabamento da fachada do edifício do Palacete. Tenho certeza de que o trabalho de reconstrução e restauração vai devolver ao município de Bragança uma de suas mais importantes obras históricas”, ressaltou o parlamentar.

Na opinião do senador, o histórico Palacete foi vencido pelo descaso das autoridades executivas locais, pelo excesso de burocracia do serviço público e pela falta de interesse pelo patrimônio histórico do Estado do Pará ao longo dos anos passados.

Para conscientizar as autoridades bragantinas sobre a necessidade de executar as obras de reconstrução e restauro o mais rápido possível, Jader encaminhou ofício circular à Câmara Municipal de Bragança e à Prefeitura, comunicando a autorização de pagamento de emenda individual para a reconstrução do Palacete Augusto Corrêa.

“O governo federal informou sobre o pagamento da minha emenda individual para a reconstrução do Palacete Augusto Corrêa, que deverá ocorrer nos próximos dias”, escreveu o senador, lembrando que, em virtude da aproximação do período chuvoso, é preciso acelerar as obras para evitar ainda mais o atraso na sua execução.

Jader Barbalho lembrou que, durante sua gestão no Governo do Pará, ocorreu a morte do renomado arquiteto paraense Henrique Pena, quando esse fazia obras de restauro na histórica escadaria do Palacete. “Desde então não se teve notícias de nenhum governo que teve qualquer tipo de preocupação com a recuperação ou preservação do nosso patrimônio. Basta ver com profunda tristeza a trajetória de abandono dos históricos casarões de Belém”, ressaltou o senador, que governou o Pará de 1983 a 1987 e novamente de 1991 a 1994.

O Palacete Augusto Corrêa foi construído pelos portugueses e é todo feito em alvenaria. A escadaria principal era de madeira de acapu e os alicerces, em pedra. Sua inauguração provavelmente ocorreu entre os anos de 1902 e ou 1903 e serviu como sede da Prefeitura Municipal de Bragança até 2009.

A importância histórica e cultural desta edificação para Bragança é indiscutível, com uma linguagem estilística neoclássica em dois pavimentos. A recuperação e restauração deveria ter iniciado em 2018, com o apoio do IPHAN e da emenda parlamentar destinada para esse fim apresentada pelo senador. Porém, devido às fortes chuvas que assolaram o Pará naquele ano e a falta de manutenção fizeram com que quase todo o prédio desabasse.

No início de 2017, Jader Barbalho destinou R$ 1 milhão de reais para a restauração do Palacete e outros R$ 260 mil para a aquisição de equipamentos que possam promover a transformação do local em um ambiente de visitação aos milhares de turistas que escolhem Bragança como destino em todas as estações do ano, conforme previu o projeto executivo que definiu a restauração e novo uso do edifício. Esse projeto, licitado pelo Iphan do Pará, ficou pronto somente no final de 2016, o que permitiu que as emendas fossem indicadas já no início de 2017.

A conclusão do projeto executivo que define o tipo de recuperação que será executado no Palacete Augusto Corrêa e o tombamento permitiram a indicação de recursos por parte de parlamentares paraenses para salvar o patrimônio de Bragança, que tem um dos mais importantes conjuntos arquitetônicos do Pará.

A empresa que ganhou o processo de licitação, já deu início às obras e informou que, na primeira etapa da execução do projeto, será erguida uma nova fachada exatamente como a original e refeita toda a parte estrutural interna do prédio.

CENTRO HISTÓRICO

Localizado no Centro Histórico da cidade, o edifício caracteriza-se por unidades de tipologia arquitetônica do final século XIX e início do século XX. É uma das principais referências histórica e arquitetônica do desenvolvimento da região nordeste do Pará. Sua construção coincide com o período de apogeu econômico vivenciado na capital paraense.

Bragança, além de ser um dos locais mais antigos visitados pelos europeus quando do processo de colonização do Norte do Brasil (estima-se que em 1613, a região do rio Caeté foi visitada pela expedição de La Ravardière), possui grande potencial turístico: atrativos naturais, históricos e culturais, como a Festividade de São Benedito e sua popular Marujada.