No dia 18 de junho, comemora-se o Dia Mundial do Orgulho Autista. A data foi celebrada inicialmente no ano de 2005, pela organização americana, Aspies for Freedom. No Brasil, inicialmente, um grupo de pais, familiares e amigos de pessoas com autismo, aderiu ao movimento, e desde então a data tem se tornado mais popular no país com mais adesão a cada ano. A intenção é que a sociedade comece a entender o autismo não como doença, mas como uma característica própria que faz com quem a tem enfrente enormes desafios e, ao mesmo tempo, comemore grandes vitórias ao transpor mais um obstáculo.
Para o senador Jader Barbalho, que aderiu ao movimento de conscientização do autismo, essa é a essência da comemoração da data da próxima terça, 18 de junho, que as pessoas comecem a conhecer mais sobre o Transtorno do Espectro Autista (TEA) e, consequentemente, contribuir para o combate ao preconceito.
O senador também está engajado em promover junto aos parlamentares paraenses o trabalho de conscientização. Ele enalteceu a iniciativa do governo do Pará de oficializar o Grupo de Trabalho e Estudo sobre o Autismo.
“Mesmo com o esforço pela causa, as barreiras enfrentadas por pacientes e familiares ainda são grandes. A maior delas é, sem dúvida, o preconceito”, ressaltou Jader Barbalho ao receber em seu gabinete o ouvidor geral do Estado, Arthur Houat, representando o governo do Pará; a professora da Universidade Federal Rural da Amazônia, advogada Flávia Marçal Pantoja de Araújo; e a representante da ONG Amigos e Pais dos Autistas de Ananindeua (APAN), Nayara Barbalho; todos integrantes do grupo de trabalho.
CENTRO ESPECIALIZADO
Ao longo do encontro, Jader Barbalho tomou conhecimento sobre a criação de um Centro Especializado em Transtorno do Espectro Autismo no Pará, cuja implantação está sendo analisada pelo grupo de trabalho em conjunto com o Governo do Estado, representado pelas secretarias de Educação (Seduc); Saúde (Sespa); e Assistência Social, Trabalho, Emprego e Renda (Seaster). De acordo com o ouvidor Arthur Houat o objetivo maior é que o projeto se transforme numa política de governo.
Jader Barbalho garantiu apoio por meio de indicação de emenda parlamentar. “Ficou claro para mim que o maior desafio é o desconhecimento da sociedade. Como grande parte desconhece o que é o autismo, não há instrumentos públicos, nem mesmo privados para lidar com o transtorno. O sistema de saúde não está apto para atender os que sofrem com o transtorno. Os profissionais ainda não estão preparados para receber um autista”, destacou.
Para o senador, é papel do poder público contribuir para que todos os segmentos da sociedade contem com o apoio necessário para enfrentar as diversidades. “Compreendo que essa enorme barreira será quebrada a partir da criação do Centro Especializado. Sendo assim, cabe a cada um de nós, mais uma vez, estar ao lado da sociedade apoiando iniciativas de inclusão do cidadão, no meu caso, em especial das crianças paraenses”, concluiu Jader Barbalho.
De acordo com Flávia Marçal, o Centro Especializado em Transtorno do Espectro Autismo vem contemplar o compromisso do governo do Pará com a diversidade. “A ideia é oferecer além de atendimento educacional, formação de profissionais e a possibilidade de especialização para outras regiões do Estado, tudo dentro de uma agenda democrática e participativa”, ressalta.
Na próxima terça, 18 de junho, a Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa do Senado vai realizar uma audiência pública para lembrar o Dia do Orgulho Autista. A intenção é contribuir para conscientizar as pessoas sobre o autismo e acabar com o preconceito. A audiência está marcada para terça-feira (18), às 9 horas.
De acordo com o Movimento Orgulho Autista Brasil (Moab), o Transtorno do Espectro Autista (TEA) é um distúrbio de desenvolvimento que leva a severos comprometimentos de comunicação social, além de comportamentos restritivos e repetitivos.
SINAIS E DIAGNÓSTICO
Quando se trata de autismo, muitos pais não conseguem perceber os sinais de alerta e acabam relatando algum comportamento que consideram estranho na criança para sua determinada faixa etária, como o atraso na fala. Mas aí dizem: ‘É normal, espera um pouco mais’. E com isso, o diagnóstico acaba demorando.
O autismo é um transtorno neurológico caracterizado por comprometimento da interação social, comunicação verbal e não verbal e comportamento restritivo e repetitivo.
DOIS MILHÕES DE BRASILEIROS
A Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) indica que, atualmente, a cada 160 crianças, uma tem o diagnóstico positivo para autismo. A estimativa no Brasil é que o Transtorno do Espectro Autista chegue a 2 milhões de pessoas. “Hoje, para se fechar um diagnóstico, é necessário fazer uma complexidade de exames”, explica Emanoele Freitas, neurocientista especialista em transtorno do neurodesenvolvimento. Ela é responsável pela Associação de Apoio à Pessoa Autista (Aapa), que contribui com o tratamento do transtorno no Brasil.
O Ministério da Saúde informou que os pacientes com autismo podem ser atendidos no Sistema Único de Saúde (SUS), nos serviços que compõem a Rede de Atenção Psicossocial (RAPS). Segundo a pasta, a rede de reabilitação em todo o país conta com 2.385 serviços de reabilitação e estimulação credenciados no SUS, com 217 Centros Especializados em Reabilitação (CERs); 36 Oficinas Ortopédicas; 236 serviços de reabilitação em modalidade única; e 1.896 serviços de reabilitação credenciados pelos estados e municípios.
“O atendimento nos Centros Especializados em Reabilitação compreende, além da avaliação multiprofissional, acompanhamento em Reabilitação Intelectual e dos Transtornos do Espectro do Autismo (TEA), bem como orientações para uso Funcional de Tecnologia Assistiva. A avaliação multiprofissional é realizada por uma equipe composta por médico psiquiatra ou neurologista e profissionais da área de reabilitação para estabelecer o impacto e repercussões no desenvolvimento global do indivíduo e sua finalidade”, informa a nota encaminhada pelo Ministério.