Jader Barbalho - As tacacazeiras do Pará são agora Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil.

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As tacacazeiras do Pará são agora Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil.

O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) aprovou o registro do Ofício de Tacacazeira da Região Norte como Patrimônio Cultural brasileiro, um passo fundamental para valorizar quem mantém viva uma das tradições mais queridas da Amazônia.

Esse é um reconhecimento que já vivia no coração do povo — mas que agora entra oficialmente para a história do país.  A conquista não veio por acaso. O processo foi apoiado por uma emenda individual do senador paraense Jader Barbalho (MDB), que apresentou ao Iphan a sugestão para que o trabalho das tacacazeiras fosse reconhecido, documentado e protegido como parte essencial do patrimônio nacional.

“O tacacá é muito mais que um prato. É o sabor do Pará servido em uma cuia”, afirmou o senador em ofício enviado à equipe técnica do Iphan, cumprimentando o instituto pela decisão. A frase resume um sentimento compartilhado por qualquer paraense que já estacionou na calçada, sorveu o cheiro do tucupi quente com jambu fresco e sentiu a alma voltar para casa.

Herança que passa de mão em mão

O tacacá é exatamente isso: memória. Cada cuia carrega uma história que atravessa gerações. E quem mantém essa chama acesa são as tacacazeiras — mulheres amazônidas que aprenderam o ofício dentro de casa, observando mães, tias, avós, numa transmissão de saber que acontece na cozinha, no quintal, no silêncio do amanhecer quando o tucupi começa a ferver.

É um saber que não está nos livros, mas na prática paciente de quem sabe o ponto certo do jambu, o equilíbrio entre o tucupi e a goma, o respeito ao tempo de cada preparo. “Cada cuia vendida é uma herança viva circulando entre nós”, diz o texto do senador — e é exatamente isso: é cultura servida quente, com cheiro de raiz, de rio, de afeto.

Hoje, esse ofício segue o caminho natural das tradições que importam: passa de mãe para filha, de avó para neto, de geração em geração. Em cada barraca, em cada esquina, em cada cuia que aquece o fim de tarde em Belém, pulsa a identidade de um povo.

Reconhecimento que fortalece cultura, renda e identidade

A aprovação do Ofício de Tacacazeira como Patrimônio Cultural Imaterial significa proteção, valorização e visibilidade para essas mulheres que sustentam uma cadeia econômica inteira: produtoras de tucupi e jambu, extrativistas, ribeirinhos, pequenos comerciantes e feirantes. É também uma porta para políticas públicas que garantam dignidade, apoio técnico, registro, pesquisa e preservação.

Para o Pará, é mais um capítulo importante num movimento de afirmação cultural que resgata o valor de quem, por séculos, manteve viva a essência da Amazônia pela força do trabalho cotidiano.

Um brinde de cuia cheia

“O reconhecimento do Iphan é mais que um selo: é um gesto de respeito às nossas raízes. É dizer oficialmente ao Brasil aquilo que os paraenses sempre souberam — que o tacacá é parte de quem somos. E, acima de tudo, é celebrar estas mulheres que, com a firmeza de quem conhece o próprio território e o próprio valor, seguem na linha de frente da cultura amazônica”, comemorou o senador Jader Barbalho, ao final da votação unânime pelo Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural do Iphan. 

“Hoje, o Brasil inteiro se curva diante das tacacazeiras. E nós, que sempre as aplaudimos de perto, levantamos nossas cuias e agradecemos: obrigada por manterem viva a nossa história”, concluiu o senador.